Neurocirurgia é a especialidade médica que se ocupa do tratamento de doenças do sistema nervoso central e periférico (como tumores, doenças vasculares, degenerativas), traumas cranio-encefálicos e raqui-medulares passíveis de abordagem cirúrgica. Recentemente, também passou a tratar da substituição de órgãos sensoriais (olho e ouvido interno) disfuncionais por dispositivos artificiais.
Esta especialidade é certificada ao médico que realize um período de formação tutelada, variante segundo os países.
No Brasil, após o término regular do curso (faculdade) de medicina de seis anos, atualmente a Residência em Neurocirurgia compreende mais 5 anos de estudos com prática clínica e cirúrgica. Licenciado como médico, o interessado em cumprir o programa da residência médica para se tornar neurocirurgião, similar às outras especilidades médicas, deve realizar prova de acesso concorrendo com outros colegas médicos interessados e ser submetido à entrevista, pois as vagas são restritas a uma a quatro vagas em média na maioria dos serviços. As provas são anuais e costumam ser muito concorridas, semelhante a um segundo vestibular. O programa oficial de residência médica é definido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em parceria com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, que fornece o título de especialista, de comum acordo com a Associação Médica Brasileira. Pode ainda haver um 6º ano opcional dentro do programa da residência, de subespecialização.
Em Portugal, o internato consiste em 72 meses distribuídos do seguinte modo: 6 de Cirurgia Geral (o que inclui 3 de Traumatologia), 3 de Neurologia, 3 de Neuro-radiologia, 48 de Neurocirurgia, 3 de Otoneurocirurgia, 3 de Oftalmoneurocirurgia, 2 de Ortopedia, 2 de Cirurgia Plástica e 2 de Cirurgia Vascular. A avaliação (teórica, prática e curricular) é feita no fim de cada ano e do internato. Finalizado este período de formação, o médico adquire o grau de especialista.
Tanto as Sociedades Brasileira e Portuguesa de Neurocirurgia como a Academia Brasileira de Neurocirurgia e o Colégio de Especialidade de Neurocirurgia da Ordem dos Médicos portuguesa são reconhecidos pela World Federation of Neurosurgical Societies.
As cirurgias neurológicas compreendem as: 1- cranianas, 2- espinhais, 3- dos nervos periféricos.
1- As cirurgias do crânio envolvem em sua grande maioria apenas o segmento da parte intracranina e seus envoltórios, mas excepcionalmente podem envolver estruturas circunvizinhas, assim como o ouvido, cavidades orbitárias, cavidades abaixo da base do crânio, por exemplo, fossa nasal, faringe, podendo servir como acesso ou área de interesse da patologia como nos casos de tumores que invadem a base do crânio e se estendem para outras regiões, alguns tumores de hipófise, etc...
A abertura do crânio é variável em tamanho, formato e região de interesse. Cabe ao neurocirurgião escolher estes importantes detalhes de acordo o quadro clínico de seu paciente. Pode ser um ou mais pequenos furos (trepanações), uma abertura maior bastante variável em tamanho e contornos (craniotomia, onde um pedaço do osso é retirado temporariamente para o acesso)com formato poligonal, arredondado ou com um formato intermediário.
Para acesso à região óssea a ser aberta o especialista também definirá como será aberto o couro cabeludo, região da ferida operatória. As aberturas do couro cabeludo geralmente são arqueadas ou tem formatos de ferradura, ponto de interrogação, sinusóide, etc... Podem ser retilíneas também. Dentro da melhor técnica, o neurocirurgião deve procurar entreoutras preocupações mais importantes, preservar a estética do paciente, por exemplo, sempre que possível evitando fazer cortes na fronte (testa) do mesmo.
Um neurocirurgião pode:
- tratar traumatismos cranianos, encefálicos, espinhais e de nervos periféricos;
- tratar lesões vasculares intracranianas: aneurismas, mal-formações artério-venosas;
- tratar tumores do encéfalo e da caixa óssea craniana, bem como tumores da coluna.
- tratar hidrocefalia, edema cerebral, abscessos, parasitoses cerebrais, cistos, etc...
- tratar deformações do crânio congênitas; afundmentos e falhas ósseas;
- tratar casos selecionados de Parkinson e outras condições que exijam inserção de eletrodos no sistema nervoso;
- tratar dores crônicas com procedimentos cirúrgicos;
- tratar hérnias de disco, estenoses, degenerações discais sintomáticas, listese vertebral, síndrome facetária, etc...
- inserir e retirar próteses diversas do crânio e coluna espinhal.
- trabalhar como pesquisador, professor, desenvolver próteses, etc...
Os neurocirurgiões conseguem com a história clínica do paciente e exame físico compreender as alterações das partes chave e precisas que têm de ser operadas. Ferramentas como os Raios-X, TC ou CT (Tomografia Computorizada), Ressonância Magnética, Cisternocintilografia, Eletroneuromiografia, e outros tipos de exames auxiliam secundariamente no raciocínio diagnóstico e a topografar o sítio anatômico do problema, bem como posteriormente definir a estratégia terapêutica mais apropriada.
Topo | Voltar |